Filosofia
Escola Estadual Miguel Gontijo
Professor Lúcio
Filosofia concepção geral de mundo forma de conduta diante da vida
Alguns filósofos, segundo Descartes, são como um cego que, para lutar sem desvantagens contra alguém que enxerga, leva o adversário para um subterrâneo escuro com seu vocabulário “turvo”.
É como diz Nietzsche: “alguns turvam suas águas para parecerem profundos”. No sentido corrente em que é usada, filosofia é concepção geral do mundo da qual se pode deduzir uma determinada forma de conduta. Por isso o termo “filosofia de vida”. A pessoa ou instituição está se referindo a uma teoria para nortear sua prática.
Uma concepção de mundo não é uma questão sem interesse. Duas concepções opostas levam a conclusões práticas também opostas. Se tivermos a concepção de que a sociedade pode ser mudada, como os filósofos da França do século XVIII como Condorcet (a sociedade pode melhorar, o homem é aperfeiçoável), vamos agir para melhorar a sociedade e a nós mesmos como homens.
Acaso achemos que não, como os filósofos franceses do século XIX, é insensato querer transformar o mundo, o “fundo das coisas” escapa à nossa compreensão, para quê quebrar a cabeça para melhorar a sociedade? Então, em toda filosofia há um sentido prático, um caráter de classe; ela serve a alguns e não a outros. Qual é a filosofia que decorre de uma cena de telenovela onde a empregada busca se tornar amante do patrão para ter uma vida melhor? “Cada um por si, a sociedade é uma selva, devore o outro antes que ele te devore”.
Filosofia conduta
Teoria vida prática
Se você pensa que a realidade é irreconhecível, suportará a vida como fatalidade. Se você pensa que a realidade poderá ser transformada, terá confiança e não conformismo, lutará e não se desesperará. A filosofia nos possibilita conhecer o mundo, assim como lutar por sua transformação.
Um exemplo: se o Congresso Nacional deu aumento de 132% para seus salários e para o da presidente, assim como para governador, prefeito, dos vereadores, mas quer dar somente 6%, seis reais, para os trabalhadores que ganham salário mínimo, que teoria podemos entender dessa conduta?
Sem uma teoria justa, não há ação vitoriosa. Para transformar a realidade é preciso conhecê-la. O homem conhece o mundo através das diversas ciências. Convém ao trabalhador ter uma concepção de mundo científica.
O universo é uma realidade material, o homem não é alheio à realidade, assim como o homem pode transformá-la como provam os resultados práticos obtidas pelas diversas ciências. Se puder se verificada na prática, uma filosofia é científica.
ATIVIDADE
1. O que uma pessoa que fala em “filosofia de vida” entende a respeito da filosofia?
A) Ela quer dizer que alguém pode dedicar toda sua vida à filosofia e assim tornar-se um filósofo.
B) A pessoa quer dizer que filosofia é um projeto de vida.
C) Ela quer dizer que uma filosofia faz com que alguém tenha uma determinada forma de conduta.
D) A pessoa quer dizer que só se pode vencer sem separar a filosofia da vida.
2. Segundo o texto acima, o que pensam Nietzsche e Descartes dos filósofos que dizem coisas muito difíceis ou obscuras:
A) Eles são confusos porque suas filosofias são turvas e eles são cegos, não entendem nada.
B) Alguns filósofos buscam confundir as pessoas através de um palavreado difícil e rebuscado, buscando mostrar-se mais sábios do que realmente são.
C) Nietzsche e Descartes estão dizendo a filosofia é para poucos e que ela é naturalmente turva e que torna as pessoas cegas e fanáticas.
D) Nietzsche e Descartes definem-se como filósofos, ou seja, o tipo de pessoas que falam difícil e que em geral buscam enlouquecer as pessoas.
3. Como o comportamento da pessoa diante da realidade varia de acordo com sua concepção teórica? Assinale a alternativa correta:
A) Se a pessoa acredita que pode transformar o mundo, ela lutará e será otimista.
B) Se a pessoa acredita que a vida não pode ser transformada, deve ficar confiante em si mesma e buscar o que é melhor para si.
C) Se o mundo é irreconhecível, deve-se reconhecer que a melhor filosofia é a religiosa e científica.
D) A filosofia é a ciência sem a qual o mundo fica tal e qual.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Karl Marx (Aula de Filosofia)
"Os filósofos não têm feito mais do que interpretar o mundo de diferentes maneiras, mas o que importa é tranformá-lo".
Marx, XI Tese sobre Feuerbach
A grande contribuição de Karl Marx é ter descoberto o "continente científico" História. E seria do mesmo modo que o continente Matemática pelos gregos, o continente Física por Galileu, a Química por Lavoisier, que é uma ciência regional do continente Física. Marx fundou a ciência da História chamada Materialismo Dialético.
Marx, XI Tese sobre Feuerbach
A grande contribuição de Karl Marx é ter descoberto o "continente científico" História. E seria do mesmo modo que o continente Matemática pelos gregos, o continente Física por Galileu, a Química por Lavoisier, que é uma ciência regional do continente Física. Marx fundou a ciência da História chamada Materialismo Dialético.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Atividade de Filosofia (para o dia 8, sem falta)
Atividade de Filosofia
1. Interpretação de um texto filosófico. Leiam atentamente o seguinte texto e respondam às perguntas a respeito dele.
Lady Gaga: ninfa pós-feminista
Marcia Tiburi
Lady Gaga é o mais recente ídolo pop da cena internacional. Entenda-se por ídolo pop um indivíduo que encanta as massas com a habilidade artística de que é capaz sendo seu autor ou o mero representante de uma estética inventada por publicitários e estrategistas de produtos culturais. Nesse sentido, todo ídolo pop age como o flautista de Hamelin conduzindo por certo efeito de hipnose uma quantidade sempre impressionante de pessoas. Ele é também um guia estético e moral das massas. A propósito, entenda-se por massa um grupo de indivíduos que, ao se encontrar com outros, perde justamente a individualidade, tornando-se sujeito de sua própria dessubjetivação. Em outras palavras, ele é hipnotizado como se estranhamente desejasse sê-lo. A Indústria Cultural depende desse mecanismo, por meio do qual oferece ao indivíduo a oportunidade de se perder com a sensação de que está ganhando. O ídolo pop é a humana mercadoria que permite o gozo pelo logro que o espectador logrado aplica a si mesmo (...).
No vídeo de “Paparazzi” fica exposto o amor-ódio que um homem nutre por uma mulher, a invalidez à qual ela é temporariamente condenada por sua violência e, por fim, uma vingança inesperada com o assassinato desse mesmo homem. “Incitação à violência”, pensarão as mentes mais simples; “feminismo como ódio aos homens”, dirá a irreflexão sexista acomodada, quando na verdade se trata de uma irônica inversão no cerne mesmo do jogo simbólico que separa mulheres e homens. Se em “Paparazzi” o deboche beira o perverso autorizado psicanaliticamente (a mulher sai da posição deprimida ou melancólica e aprende a gozar com seu algoz, que ela transforma em vítima), em “Bad Romance”, “o vídeo mais visto de todos os tempos”, mulheres de branco – como noivas dançantes – surgem de dentro de esquifes futuristas para curar uma louca que chora querendo ter um “mau romance” com um homem. Um contraponto é criado no vídeo entre a imagem do rosto da própria Gaga levissimamente maquiado, demarcando o caráter angelical de sua personagem, em contraposição ao caráter doentio da personagem da mesma Gaga de cabelos arrepiados e olhos esbugalhados. Entre eles a bailarina sensual junto de suas companheiras faz o elogio do corpo que é obrigado a se erotizar diante de um grupo de homens.
A noiva é queimada. Sobre a cama, no fim, a noiva como um robô um pouco avariado, mas ainda viva, contempla o noivo cadáver. A ironia é o elogio do amor-paixão, do amor-doença e morte ao qual foi reduzido o amor romântico pela estética pop da ninfa pós-feminista. O feminismo só tem a agradecer.
Em “Telephone”, a estética eleita é a da lésbica e da pin-up. Ambas criminosas. A primeira por ser uma forma de vida feminina que dispensa os homens, a segunda por ameaçá-los com uma estética da captura (a mulher-imagem-de-papel, a mulher “cromo”, a mulher-desenho-animado que configura o conceito do “broto”, do “pitéu”). No mesmo vídeo o personagem de Gaga compartilha com Beyoncé uma cumplicidade incomum entre mulheres.
Esse sinal é dado no meio do vídeo, quando Beyoncé vai resgatar Gaga na prisão e ambas mordem um pedaço de pão, que logo é lançado fora como algo desprezível. A comida mostra-se aí como o objeto do crime. O vídeo é mais que um elogio ao assassinato do mau romance, ou da vingança contra o evidente amor bandido de quem a personagem de Beyoncé quer se vingar. Trata-se de uma profanação da comida pelo veneno que nela é depositado. O amor bandido é morto pela comida, uma arma simbólica muito poderosa associada à imagem da mulher-mãe, da mulher-doação, dedicada a alimentar seu homem na antipolítica ordem doméstica.
O palco é a lanchonete de beira de estrada como em Assassinos por Natureza, de Oliver Stone. O assassinato é o objetivo do serviço das duas moças perversas que, no fim do vídeo, dançam vestidas com as cores da bandeira norte-americana – meio Mulher Maravilha – diante dos cadáveres de suas vítimas, já que, além do amor bandido, todos morreram. Cinismo? Sem dúvida, mas como paradoxal autodenúncia. Mas o maior crime de Gaga, aquilo que fará com que tantos a odeiem, não será, no entanto, o feminismo sem-vergonha que ela pratica como uma brincadeira em que o crime é justamente o que compensa? E, como ídolo pop, não poderá soar aos mais conservadores como um modo de rebelar as massas de mulheres subjugadas pela perversa autorização ao gozo, doa a quem doer?
Revista Cult, 8 de maio de 2010.
1) Como a filósofa interpreta Lady Gaga?
2) para Márcia Tiburi, o que são ídolos?
3) O que é a massa, para Márcia Tiburi?
4) Qual o mecanismo importante para a indústria cultural que é referido pela filósofo e como ele age?
5) Como a cantora utilizaria o cinismo, conforme a interpretação da filósofa?
6) O que a filósofa entende por ídolo pop e qual sua importância para as massas?
7) Explique, com suas palavras, qual a interpretação que a filósofa faz dos seguintes vídeos de Lady Gaga: Paparazzi, Bad Romance e Telephone.
8) Qual seria, entender da filósofa, o crime de Lady Gaga?
9) Como se pode definir feminismo?
10) O que seria pós-feminismo para Márcia Tiburi?
1. Interpretação de um texto filosófico. Leiam atentamente o seguinte texto e respondam às perguntas a respeito dele.
Lady Gaga: ninfa pós-feminista
Marcia Tiburi
Lady Gaga é o mais recente ídolo pop da cena internacional. Entenda-se por ídolo pop um indivíduo que encanta as massas com a habilidade artística de que é capaz sendo seu autor ou o mero representante de uma estética inventada por publicitários e estrategistas de produtos culturais. Nesse sentido, todo ídolo pop age como o flautista de Hamelin conduzindo por certo efeito de hipnose uma quantidade sempre impressionante de pessoas. Ele é também um guia estético e moral das massas. A propósito, entenda-se por massa um grupo de indivíduos que, ao se encontrar com outros, perde justamente a individualidade, tornando-se sujeito de sua própria dessubjetivação. Em outras palavras, ele é hipnotizado como se estranhamente desejasse sê-lo. A Indústria Cultural depende desse mecanismo, por meio do qual oferece ao indivíduo a oportunidade de se perder com a sensação de que está ganhando. O ídolo pop é a humana mercadoria que permite o gozo pelo logro que o espectador logrado aplica a si mesmo (...).
No vídeo de “Paparazzi” fica exposto o amor-ódio que um homem nutre por uma mulher, a invalidez à qual ela é temporariamente condenada por sua violência e, por fim, uma vingança inesperada com o assassinato desse mesmo homem. “Incitação à violência”, pensarão as mentes mais simples; “feminismo como ódio aos homens”, dirá a irreflexão sexista acomodada, quando na verdade se trata de uma irônica inversão no cerne mesmo do jogo simbólico que separa mulheres e homens. Se em “Paparazzi” o deboche beira o perverso autorizado psicanaliticamente (a mulher sai da posição deprimida ou melancólica e aprende a gozar com seu algoz, que ela transforma em vítima), em “Bad Romance”, “o vídeo mais visto de todos os tempos”, mulheres de branco – como noivas dançantes – surgem de dentro de esquifes futuristas para curar uma louca que chora querendo ter um “mau romance” com um homem. Um contraponto é criado no vídeo entre a imagem do rosto da própria Gaga levissimamente maquiado, demarcando o caráter angelical de sua personagem, em contraposição ao caráter doentio da personagem da mesma Gaga de cabelos arrepiados e olhos esbugalhados. Entre eles a bailarina sensual junto de suas companheiras faz o elogio do corpo que é obrigado a se erotizar diante de um grupo de homens.
A noiva é queimada. Sobre a cama, no fim, a noiva como um robô um pouco avariado, mas ainda viva, contempla o noivo cadáver. A ironia é o elogio do amor-paixão, do amor-doença e morte ao qual foi reduzido o amor romântico pela estética pop da ninfa pós-feminista. O feminismo só tem a agradecer.
Em “Telephone”, a estética eleita é a da lésbica e da pin-up. Ambas criminosas. A primeira por ser uma forma de vida feminina que dispensa os homens, a segunda por ameaçá-los com uma estética da captura (a mulher-imagem-de-papel, a mulher “cromo”, a mulher-desenho-animado que configura o conceito do “broto”, do “pitéu”). No mesmo vídeo o personagem de Gaga compartilha com Beyoncé uma cumplicidade incomum entre mulheres.
Esse sinal é dado no meio do vídeo, quando Beyoncé vai resgatar Gaga na prisão e ambas mordem um pedaço de pão, que logo é lançado fora como algo desprezível. A comida mostra-se aí como o objeto do crime. O vídeo é mais que um elogio ao assassinato do mau romance, ou da vingança contra o evidente amor bandido de quem a personagem de Beyoncé quer se vingar. Trata-se de uma profanação da comida pelo veneno que nela é depositado. O amor bandido é morto pela comida, uma arma simbólica muito poderosa associada à imagem da mulher-mãe, da mulher-doação, dedicada a alimentar seu homem na antipolítica ordem doméstica.
O palco é a lanchonete de beira de estrada como em Assassinos por Natureza, de Oliver Stone. O assassinato é o objetivo do serviço das duas moças perversas que, no fim do vídeo, dançam vestidas com as cores da bandeira norte-americana – meio Mulher Maravilha – diante dos cadáveres de suas vítimas, já que, além do amor bandido, todos morreram. Cinismo? Sem dúvida, mas como paradoxal autodenúncia. Mas o maior crime de Gaga, aquilo que fará com que tantos a odeiem, não será, no entanto, o feminismo sem-vergonha que ela pratica como uma brincadeira em que o crime é justamente o que compensa? E, como ídolo pop, não poderá soar aos mais conservadores como um modo de rebelar as massas de mulheres subjugadas pela perversa autorização ao gozo, doa a quem doer?
Revista Cult, 8 de maio de 2010.
1) Como a filósofa interpreta Lady Gaga?
2) para Márcia Tiburi, o que são ídolos?
3) O que é a massa, para Márcia Tiburi?
4) Qual o mecanismo importante para a indústria cultural que é referido pela filósofo e como ele age?
5) Como a cantora utilizaria o cinismo, conforme a interpretação da filósofa?
6) O que a filósofa entende por ídolo pop e qual sua importância para as massas?
7) Explique, com suas palavras, qual a interpretação que a filósofa faz dos seguintes vídeos de Lady Gaga: Paparazzi, Bad Romance e Telephone.
8) Qual seria, entender da filósofa, o crime de Lady Gaga?
9) Como se pode definir feminismo?
10) O que seria pós-feminismo para Márcia Tiburi?
Filosofia
Escola Estadual Miguel Gontijo
Professor Lúcio
Filosofia concepção geral de mundo forma de conduta diante da vida
Alguns filósofos, segundo Descartes, são como um cego que, para lutar sem desvantagens contra alguém que enxerga, leva o adversário para um subterrâneo escuro com seu vocabulário “turvo”.
É como diz Nietzsche: “alguns turvam suas águas para parecerem profundos”. No sentido corrente em que é usada, filosofia é concepção geral do mundo da qual se pode deduzir uma determinada forma de conduta. Por isso o termo “filosofia de vida”. A pessoa ou instituição está se referindo a uma teoria para nortear sua prática.
Uma concepção de mundo não é uma questão sem interesse. Duas concepções opostas levam a conclusões práticas também opostas. Se tivermos a concepção de que a sociedade pode ser mudada, como os filósofos da França do século XVIII como Condorcet (a sociedade pode melhorar, o homem é aperfeiçoável), vamos agir para melhorar a sociedade e a nós mesmos como homens.
Acaso achemos que não, como os filósofos franceses do século XIX, é insensato querer transformar o mundo, o “fundo das coisas” escapa à nossa compreensão, para quê quebrar a cabeça para melhorar a sociedade? Então, em toda filosofia há um sentido prático, um caráter de classe; ela serve a alguns e não a outros. Qual é a filosofia que decorre de uma cena de telenovela onde a empregada busca se tornar amante do patrão para ter uma vida melhor? “Cada um por si, a sociedade é uma selva, devore o outro antes que ele te devore”.
Filosofia conduta
Teoria vida prática
Se você pensa que a realidade é irreconhecível, suportará a vida como fatalidade. Se você pensa que a realidade poderá ser transformada, terá confiança e não conformismo, lutará e não se desesperará. A filosofia nos possibilita conhecer o mundo, assim como lutar por sua transformação.
Um exemplo: se o Congresso Nacional deu aumento de 132% para seus salários e para o da presidente, assim como para governador, prefeito, dos vereadores, mas quer dar somente 6%, seis reais, para os trabalhadores que ganham salário mínimo, que teoria podemos entender dessa conduta?
Sem uma teoria justa, não há ação vitoriosa. Para transformar a realidade é preciso conhecê-la. O homem conhece o mundo através das diversas ciências. Convém ao trabalhador ter uma concepção de mundo científica.
O universo é uma realidade material, o homem não é alheio à realidade, assim como o homem pode transformá-la como provam os resultados práticos obtidas pelas diversas ciências. Se puder se verificada na prática, uma filosofia é científica.
Professor Lúcio
Filosofia concepção geral de mundo forma de conduta diante da vida
Alguns filósofos, segundo Descartes, são como um cego que, para lutar sem desvantagens contra alguém que enxerga, leva o adversário para um subterrâneo escuro com seu vocabulário “turvo”.
É como diz Nietzsche: “alguns turvam suas águas para parecerem profundos”. No sentido corrente em que é usada, filosofia é concepção geral do mundo da qual se pode deduzir uma determinada forma de conduta. Por isso o termo “filosofia de vida”. A pessoa ou instituição está se referindo a uma teoria para nortear sua prática.
Uma concepção de mundo não é uma questão sem interesse. Duas concepções opostas levam a conclusões práticas também opostas. Se tivermos a concepção de que a sociedade pode ser mudada, como os filósofos da França do século XVIII como Condorcet (a sociedade pode melhorar, o homem é aperfeiçoável), vamos agir para melhorar a sociedade e a nós mesmos como homens.
Acaso achemos que não, como os filósofos franceses do século XIX, é insensato querer transformar o mundo, o “fundo das coisas” escapa à nossa compreensão, para quê quebrar a cabeça para melhorar a sociedade? Então, em toda filosofia há um sentido prático, um caráter de classe; ela serve a alguns e não a outros. Qual é a filosofia que decorre de uma cena de telenovela onde a empregada busca se tornar amante do patrão para ter uma vida melhor? “Cada um por si, a sociedade é uma selva, devore o outro antes que ele te devore”.
Filosofia conduta
Teoria vida prática
Se você pensa que a realidade é irreconhecível, suportará a vida como fatalidade. Se você pensa que a realidade poderá ser transformada, terá confiança e não conformismo, lutará e não se desesperará. A filosofia nos possibilita conhecer o mundo, assim como lutar por sua transformação.
Um exemplo: se o Congresso Nacional deu aumento de 132% para seus salários e para o da presidente, assim como para governador, prefeito, dos vereadores, mas quer dar somente 6%, seis reais, para os trabalhadores que ganham salário mínimo, que teoria podemos entender dessa conduta?
Sem uma teoria justa, não há ação vitoriosa. Para transformar a realidade é preciso conhecê-la. O homem conhece o mundo através das diversas ciências. Convém ao trabalhador ter uma concepção de mundo científica.
O universo é uma realidade material, o homem não é alheio à realidade, assim como o homem pode transformá-la como provam os resultados práticos obtidas pelas diversas ciências. Se puder se verificada na prática, uma filosofia é científica.
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